domingo, 11 de junho de 2017

As concepções de Aristóteles e Jean Paul Sartre

  A primeira grande teoria da liberdade é exposta por Aristóteles em sua obra "Ética a Nicômaco" e ,com variantes, permanece através dos séculos chegando até o século XX,  quando foi retomada por Sartre. Nessa concepção, a liberdade se opõe ao que é condicionado externamente  (necessidade ) e ao que acontece sem escolha deliberada(contigencia).
  Diz Aristóteles que é livre aquele que tem a si mesmo o principio para agir ou não agir.
  A liberdade é concebida como poder pleno incondicional da vontade para determinar a si mesma, isto é,  para autodetermina-se.    
  É pensada,também,como capacidade que não encontra obstáculos para se realizar nem é forçada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente.
  Além de distinguir entre o necessidade e o contingente, Aristóteles também distingue entre o contingente e o possível : o primeiro é o puro acaso; o segundo é o que pode acontecer desde que um ser humano delibere e decida realizar uma ação.  Assim na concepção aristotélica, a liberdade é o princípio para escolher entre alternativas possíveis, realizando-se como decisão é ato voluntário.
  Contrariamente ao necessário ou à necessidade e a contigencia, sob as quais o agente sofre a ação de uma causa externa que o obriga a agir de uma determinada maneira, no ato voluntário livre o agente é causa de si, isto é,  causa integral de sua ação. Sem dúvida, pode-se-ia dizer que a vontade livre é determinada pela razão ou pela inteligência e, nesse caso, seria preciso admitir que não é causa de si ou incondicionada, mas que é causada pelo raciocínio ou pelo pensamento.
  No entanto, como disseram os filósofos posteriores a Aristóteles, a inteligência inclina a vontade para uma certa direção, mas não obriga nem a constrange, tanto assim que podemos agir na direção contrária à indicada pela inteligência ou razão.  É por ser livre e incondicionada que a vontade pode seguir concelhos da consciência.  A liberdade será ética quando o exercício da vontade estiver em harmonia com a direção apontada pela razão.
  Em sua obra "O ser e o nada " , o filósofo francês Jean Paul Sartre levou essa concepção ao ponto limite.  Para ele ,a liberdade " é a escolha incondicional que o próprio homem faz de seu mundo ". Quando julgamos estar sob o poder de forças externas mais poderosas do que a nossa vontade,  esse julgamento é uma decisão livre, pois outros homens, nas mesmas circunstâncias não se curva o nem se resignaram.
  Em outros termos, para Sartre, conformar-se ou resignar-se é uma decisão livre, tanto quanto não se resignar nem se conformar, lutando contra as circunstâncias. Quando dizemos que não podemos fazer alguma coisa porque estamos fatigados, a fadiga é uma decisão nossa, tanto assim que outra pessoa, nas mesmas circunstâncias, poderia decidir não se sentir cansada e agir. Da mesma maneira, quando dizemos estar enfraquecidos e por isso não temos forças para fazer alguma coisa, a fraqueza é uma decisão nossa, pois um outro poderia,nas mesmas circunstâncias, não se considerar fraco e agir.
  Por isso, Sartre faz uma afirmação aparentemente paradoxal, dizendo que "estamos condenados à liberdade ".Qual paradoxo? Identificar "liberdade e condenação ", isto é ,dois termos incompatíveis ,pois é livre quem não está condenado.
  O que Sartre pretende dizer? Que, para os humanos, a liberdade é como a necessidade e a fatalidade, não podemos escapar dela. É ela que define a humanidade dos humanos, sem escapatória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Filosofia ; O Verdadeiro, O bom e o belo (Sobre a Comunidade )

Filosofia o bom o verdadeiro e o belo, surgiu com o intuito de passar a filosofia de vida de uma maneira simples e fácil sobre o entendiment...